DEVIDO A EXTENSA CARGA DE TRABALHO, POUCO ESCREVI DURANTE ESSES ÚLTIMOS MESES. MAS AGORA, COM O RECESSO ESCOLAR, VOLTAREI A ESCREVER SOBRE MEMÓRIAS/EXPERIÊNCIAS DA MINHA VIDA CRENTÊS E TAMBÉM DA SALA DE AULA.
A EXPERIÊNCIA ABAIXO É DA SALA DE AULA..
Essa semana, conversando com uma aluna, cujo filho de uns dois meses de idade estava em seu colo, fiz o seguinte elogio: esse menino está um negro lindo! Brinquei também dizendo que "quando crescer, o black dele vai abalar!"
Ai vem a resposta da mãe: Professora, se Deus quiser, meu filho vai ser "moreno".
Então eu disse: mas minha filha, seu filho já é negro. Mas ela insistia em dizer que quando crescesse, o menino "ficaria moreno".
Então eu disse: mas minha filha, seu filho já é negro. Mas ela insistia em dizer que quando crescesse, o menino "ficaria moreno".
Eu vi no rosto daquela jovem mãe(ela tem um tom de pele clara), o desespero de ter mais um filho negro, mesmo sendo casada com um homem negro.
Fiquei muito triste e também preocupada com aquela reação de negação; de pavor do SER NEGRO.
Por já ser final de ano( eu estava muito cansada e também foi o dia da troca de presentes entre os/as professores/as), eu, sinceramente, não tive ânimo para conversar com essa mãe do jeito que eu gosto.
Se bem que, durante todo o ano, tive dificuldade em trabalhar questões como identidade racial na sala de aula, pois percebia que os moradores desse município têm certa dificuldade de se reconhecerem negros. Aplicar a Lei 110639/03 nesses espaços de saber, deve ser nossa meta. Pois desconstruir anos de negação é uma tarefa árdua. Só dois semestres de aula não dão conta de tanto estrago feito nas mentes colonizadas.
OBS: Eu sou professora de história da EJA, numa cidade do Recôncavo Baiano. Devido ao longo período da escravidão, a população negra nessa região, chega a quase 100%.
GICÉLIA CRUZ
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