quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

21 de Janeiro: Dia lerância Nacional de Combate a Intolerância Religiosa

Olá, queridas e queridos!

Sumi um pouco, mas espero agora estar mais presente. Foram várias as demandas de final de ano. Além das palestras, também estava coordenando o 2º Seminário Nacional Educadores Evangélicos e Aplicação da Lei 10639/03.
Mas graças à Deus que deu tudo certo.

Mas vamos à reflexão sobre esse dia em que paramos para refletir sobre o não respeito a religião do outro.

E para quem não se lembra, esse movimento intensificou-se quando a Igreja Universal do Reino de Deus, numa atitude altamente desrespeitosa, usou a imagem de uma Yalorixá baiana, para desqualificar os candomblecistas. Eu me lembro que quando li a matéria, sabia que aquilo não iria prestar. E não deu outra. Processo para cima da IURD.

No decorrer das acusações, eu comecei a pensar que, para além da intolerância religiosa, também percebíamos a questão de raça e gênero, pois eles utilizaram a imagem de uma mulher negra para cometer o ato injusto.

Agora também preciso colocar meu pesar, pois já passei por algumas situações delicadas dentro do Movimento Negro, aqui em Salvador.

a) Certa vez fui convidada à ministrar  palestra na Secretaria Municipal da Reparação, sobre o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial(21 de Março). Já na mesa, sentada ao meu lado, uma líder do movimento, procurava à todo tempo desfazer da minha fala(situação super chata). Depois, quando terminei a palestra, o anfitrião me parabenizou, e disse que um amigo dele que era de terreiro, ao chegar e me ver palestrando, disse que não ficaria para o evento, pois não queria ouvir "aquela evangélica falar."

b) Numa aula do mestrado, ao participar da aula eu estava tecendo um cometário, quando o colega, do nada, veio me criticar falando que: "vocês evangélicos pegam nossas iguarias e colocam o nome de Bolinho de Jesus". Eu fiquei sem entender  o por quê daquele comentário fora de contexto. Se fosse no momento apropriado, eu teria dito que a maioria dos negros evangélicos não conhece sua história, e que, portanto, ainda não tem sua identidade racial trabalhada de forma positiva.

c) Em cursos promovidos por órgãos públicos já tive o desprazer de ouvir professores, no meio de um assunto, começar a desqualificar os evangélicos. E lá vou eu me defender no meio de uma sala com mais de 60 pessoas. Óbvio que tinham outros crentes, mas fica todo mundo calado, mas eu não consigo, e faço minhas colocações, inclusive exigindo respeito.

d) Ao participar da abertura de agenda de um órgão público, o dirigente, no auge do seu discurso, diz que, se dependesse dele, "mandava fechar todos os templos evangélicos e transformava num espaço cultural". Quando ele terminou de falar, me aproximei dele, identifiquei-me enquanto mulher negra, batista e do movimento negro, e disse que na platéia também tinham evangélicos, e que suas palavras insultavam a intolerância religiosa. Ele ficou sem graça e me pediu desculpas.

Evidente que ao fazer esses relatos, não estou querendo apagar todos os absurdos que alguns líderes que se declaram evangélicos, já praticaram contra outros credos que não o dele.
Eu sei exatamente qual o discurso de intolerância, muitas vezes agressivo, que já passearam nos nossos arraiais religiosos. Hoje, por medo de serem processados, as práticas do não respeito a diversidade religiosa, tem diminuído, principalmente contra o candomblé.

Mas o que eu quero dizer mesmo é que devemos ter cuidado, pois tenho percebido que o estado, em algumas situações, tem deixado de ser laico, e que muitas vezes utiliza verbas públicas promovendo ações que incitam, também, a Intolerância Religiosa.

Estava com saudades das minhas reflexões....

"E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará". (Jo 8.32)