sábado, 28 de abril de 2012

Propaganda Racista 2


Não gostei quando vi a foto abaixo pela primeira vez, pois achei a silhueta muito parecida a de uma mulher negra com o cabelo black, e esse comparado a esponja de aço.
O nome da promoção é Mulheres que Brilham, e quem está promovendo é a BOMBRIL

Observem e digam se eu estou equivocada ou não.

 

 

terça-feira, 24 de abril de 2012

Músicas desse mundo

Hoje, 24/04/2012, ouvi um diálogo entre duas pessoas sobre uma determinada música de Edson Gomes, compositor e cantor de reggae.
Um rapaz cantarola uma música do referido cantor, e pergunta à sua colega de trabalho se ela também gostava desse estilo musical. A moça respondeu logo: " Você sabe que sou cristã(entenda evangélica) e que não ouço essas músicas." O rapaz tentou argumentar que Edson Gomes também era evangélico(não sei qual o credo religioso dele), mas a colega dele ficou mais indignada ainda, e disse que isso não podia ser: homem rasta e canta reggae. Isso está fora do padrão do "nosso mundo". Rsrsrs
Conheço as músicas de Edson Gomes há mais de 20 anos, desde o seu primeiro disco. Antes mesmo de ser crente batista, eu já me indentificava com suas composições. Também achava interessante ele usar alguns versículos bíblicos para contextualizar suas idéias.
Até hoje ouço suas músicas e quando dou aula, trago sua referência musical e ideológica para sala de aula. Penso que suas composições falam da questão social do negro, de modo significativo.

Enquanto eles dialogavam, eu fiquei pensando: As letras das "nossas músicas"(entenda música gospel) nos levam à fazer alguma reflexão sobre nosso contexto histórico/social? Quando falam de poder, empoderam?

Parece que quando "nos convertemos", anulamos nossa identidade, e porque não dizer, até nossa nacionalidade. Passamos a conhecer e a nos apropriar da história dos judeus desde o seu inicio. Sua cultura,  geografia, as músicas, danças; nos apropriamos de alguns dos seus  símbolos: Estrela de Davi, o shofar, o candelabro de sete braços, etc. Mas lamentavelmente rejeitamos, muitas vezes,  a nossa própria história. Não nos identificamos com nossa cultura, principalmente se for algo ligado à cultura afrobrasileira(aprendemos a demonizar tudo o que não é da cultura ocidental branca). A ideologia de branquitude no Brasil é tão forte, que, alguns negros evangélicos, muitas vezes, passam a ter sentimento xenofóbico sobre sua própria cultura. E eu me pergunto: a quem interessa isso?
Crente não gosta de samba, de pagode, de reggae. Esses ritmos não servem para glorificar a Deus! As músicas mais lentas e de preferência de matriz européia e do sul dos EUA, do período do século XIX,  sim.

Algumas pessoas se assustam quando digo que gosto de pagode(óbvio que gosto do ritmo, a letra é outra coisa); também gosto de sambar. Vixi! Crente não samba! Mas pode dançar um ritmo da cultura judaica, tavez.

Biblicamente falando, Jesus nasceu, viveu e morreu judeu. Idem para seus primeiros discipulos e o apóstolo Paulo. Sabemos que o judeu antes de assumir sua nacionalidade, primeiro assume que é judeu. Ou seja, sua identidade histórica, cultural e espiritual vêm primeiro.

A quem interessa que eu, enquanto negra e crente batista não tenha identidade? Que eu não me apropie da minha história e cultura a partir da leitura bíblica? 

Obrigada, Senhor Jesus, pela Tua palavra que é lâmpada para os meus pé e luz para o meu caminho.

"E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará". (Jo 8.32)








terça-feira, 17 de abril de 2012

Novelas brasileiras passam imagem de país branco

Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana


paulina-chiziane-AgenciaBrasilBrasília - "Temos medo do Brasil." Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país.
"Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo", criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país.
"De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal", sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país.
A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. "Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular", detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições.
Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir.
"Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres", disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento.
"Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras", disse Paulina.
"Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas", disse Paulina.
Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana.

Edição: Lílian Beraldo
Fonte: Agencia Brasi

 http://www.geledes.org.br/patrimonio-cultural/literario-cientifico/literatura/literatura-africana/13823-novelas-brasileiras-passam-imagem-de-pais-branco-critica-escritora-mocambicana


por Alex Rodrigues

domingo, 15 de abril de 2012

SEMINÁRIO DE PESQUISADORES NEGROS DO NORDESTE – SEPENNOR

SEMINÁRIO DE PESQUISADORES NEGROS DO NORDESTE – SEPENNOR

24, 25 e 26 de maio de 2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA


TEMA
CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO NORDESTE: A SAÍDA DA CRISE


REALIZAÇÃO
COORDENAÇAO DO NORDESTE DA ASSOCIACAO BRASILEIRA DE PESQUISADORES NEGROS.
                                 

APOIOS
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB
                                Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS
Associação de Pesquisadores Negros da Bahia – APNB
Centro de Estudos e Desenvolvimento Interdisciplinar – CEDIC



Apresentação

A inovação tecnológica é a principal possibilidade de saída da crise que se encontra a sociedade brasileira. Poderíamos tomar de empréstimo as palavras da Presidenta Dilma Roussef, proferida por ocasião da entrega do “Premio Jovem Cientista”: “Sem investimento em ciência e tecnologia não há solução”.
O Brasil ocupa uma posição atrasada quer seja em ciência quer seja em tecnologia. Isto pode ser verificado não só pela posição que nossas principais academias ocupam nos diversos “ranking” mundiais, mas acima de tudo na composição de nossa pauta de importação. Somos campeões na exportação de produtos primários ou semi-industrializado. A posição do país revela uma profunda disfunção de nosso sistema de ciência e tecnologia.
A distribuição desigual dos recursos aplicados em ciência e tecnologia entre as regiões brasileira deixa o Nordeste na condição de primo pobre. Esta pode estar na base daquela disfunção. Esta desigualdade desafia, manifesta vontade política de modificá-lo . Esta discriminação prejudica todas as demais regiões. E não facilita o avanço dos centros acadêmicos que são privilegiados, ditos de “excelência”.
A excelência deve ser obtida por uma produção de qualidade e não pela proteção das instituições públicas. Esta proteção cria espaços internos de “excelência” incapazes de atuar de forma eficiente num mercado competitivo, como na esfera de produção de ciência e tecnologia em nível internacional. Portanto, é a competição entre os agentes que as instituições públicas devem estimular.
A Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (APNB), dentro do que estabelece seus documentos básicos, tem o dever de defender e zelar pela manutenção da Pesquisa com financiamento Público e dos Institutos de Pesquisa em Geral, propondo medidas para seu aprimoramento, fortalecimento e consolidação e propor medidas para a política de ciência e tecnologia do País.
É com espirito de contribuição com estes preceitos básicos que a Coordenação Nordeste da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, propôs a realização do “Seminário de Pesquisadores Negros do Nordeste”.



Comitê Cientifico

Dra. Florentina da Silva Souza
Dra. Maria de Lourdes Siqueira
Dr. Nilo Rosa dos Santos
Dra. Rosemere Ferreira da Silva
Ms. Romilson Silva Sousa



Comissão Organizadora

Nilo Rosa dos Santos
Rosemere Ferreira da Silva
Guacira Cavalcante Oliveira
Romilson Silva Sousa
Lilian Almeida dos Santos


Objetivos

Reunir pesquisadores negros do Nordeste com objetivo de discutir as condições atuais das pesquisas no Brasil de forma geral e no Nordeste de forma particular, tendo em vista apresentar propostas que possam contribuir para a reversão do quadro de desigualdade regional de produção de ciência e tecnologia; bem como tirar o país do atraso tecnológico em que se encontra.

Incentivar a formação de outras associações de pesquisadores negros nos demais estado do Nordeste da federação;

Tendo em vistas estes objetivos, o SEPENN procura reunir professores, pesquisadores e estudantes de graduação.


Formas de Participação

O seminário será aberto å participação de todos os interessados no desenvolvimento da ciência e pesquisa no Brasil e no Nordeste. Não haverá cobrança de inscrição para os trabalhos apresentados.

Os participantes enviarão trabalhos escritos abordando a temática do seminário, qual seja: “O estado da pesquisa no Nordeste: pesquisa e recursos”. Os trabalhos nao serão apresentados durante o Seminário. Constituirão os produtos finais do Seminário.


Produtos

Os trabalhos aprovados serão publicados nos anais. Os textos, após analise do Comitê Cientifico, poderão ser incluídos no livro a ser publicado pelos organizadores do seminário. Este livro será lançado no IV Congresso Baiano de Pesquisadores Negros, que será realizado em 2013.

Os textos selecionados pelo Comitê Científico serão publicados em livro publicado com textos exclusivo dos textos do seminário.


Envio dos trabalhos

Os trabalhos serão aceitos a partir do dia 01 de abril até 31 do mesmo mês. Serão enviados pelo e-mail: sepennor@gmail.com


Normas para aceitação de trabalhos para publicação

Tipo de fonte: Times New Roman.
Margens:
Superior: 2,5cm; Inferior: 2cm; Esquerda: 2,5cm; Direita: 2cm
Espaçamento: Entrelinhas e entre parágrafos :1,5
Parágrafos: Justificados, com recuo de 1,25 cm e sem espaços entre os parágrafos. Iniciar sempre o parágrafo com uma tabulação para indicar o início (apor um recuo no começo do parágrafo).
Numeração de páginas: No canto superior direito iniciando na introdução do trabalho.
Tamanho da fonte:
    No título do artigo (em letras maiúsculas) = 12.
    No nome do autor = 10, com espaçamento simples.
    Na titulação (nota de rodapé) = 10, com espaçamento simples.
Resumo

Deve ser apresentado na primeira pagina em somente em português e digitado em espaço simples, com até 250 palavras, com informações capazes de permitir uma adequada caracterização do artigo.

Siga-nos
http://pesquisadoresnegrosdonordeste.blogspot.com.br/2012/04/seminario-de-pesquisadores-negros-do.html

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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Oprah Winfrey esteve no Brasil e a mídia não comentou

Visita de Oprah Winfrey, a maior empresária da mídia dos EUA, passou em branco no Brasil

 http://correionago.ning.com/profiles/blog/show?id=4512587%3ABlogPost%3A254009&xgs=1&xg_source=msg_share_post

Essa “democracia racial brasileira” é realmente única. Que exemplo ao mundo dá esse Brasil, no que toca a aplicação do seu sistema de valores? A aplicação de dois pesos e duas medidas. Vejam: Vem aqui um rapaz de pele clara que é aspirante qualquer coisa, como por exemplo, o Justin Bieber, que é um adolescente que goza de projeção no mundo da música e  o evento é o bastante para o disparo de uma comoção nacional, alimentada pelos veículos mais eminente e atuantes da mídia. Aí na semana passada veio ao Brasil ninguém menos que Oprah Winfrey,  a personalidade feminina mais influente de todo o mundo. Todo o mundo mesmo! E pouco foi informado na mídia.
Oprah Winfrey é uma celebridade em todos os continentes do planeta Terra. Mas, tudo indica que no Brasil isso não se reproduz. Por que será assim no Brasil? Será que a ausência de repercussão, ou pelo menos da repercussão condizente com presença de tal calibre não repercute no Brasil por que Oprah Winfrey é negra? Negra, assumida pujante, e vitoriosa. Exemplarmente vitoriosa. E aí, pelo que posso entender do alto da minha convivência com a postura de dupla valorização do sistema de valores desse nosso (?) Brasil, o exemplo de Oprah desestabiliza a versão vigente na propaganda da “democracia racial brasileira” a qual toma como um dos pilares propagar a versão de que “nos Estados Unidos da América é onde a questão do racismo é cruel”.O exemplo de Oprah é inspirador para jovens negros e negras, mantidos na ignorância da realidade de possibilidades de superação por não saberem inglês.
A campanha de apatia e ignorância dos nossos irmãos vai mais longe quando é negado aos veículos de mídia étnica a necessária repercussão para que nossos irmão e irmãs, mesmo longe do domínio do inglês, como língua e instrumento de aglutinação dos ideási negros na Diáspora. A mídia que impõe as nossas telinhas os “BBB” que é a memsa que pratica racismo e segregacionismo com os BBB´s negros, e depois fica no sapatinho e com sorrisos amarelos, jogando sacos de areia para deter o curso da maré da busca pela reparação, ou vocês tem alguma dúvida que a presença do “Tiaguinho” (ex-Exalta Samba) no “show de encerramento” é inocente? Reflitam irmãos e irmãs.
Oprah Winfrey, uma menina negra e pobre nascida em Kosciusko, Mississipi no Sul ( uma das regiões mais racistas dos Estados Unidos) em 29 de janeiro de 1954, que veio a se transformar na maior e mais bem sucedida apresentadora da TV americana e na personalidade feminina mais influente do planeta. Ela experimentou dificuldades consideráveis durante a sua infância, alegando ser estuprada aos nove anos e engravidar aos 14 anos, seu filho morreu na infância. Foi enviada  para viver com o homem que ela chama seu pai, um barbeiro, no Tennessee, Ela  conseguiu um emprego no rádio, ainda no colégio e começou a co-ancorar o noticiário noturno local aos 19 anos de idade. Sua entrega emocional a tudo o que faz na vida, a levou para a arena do dia-talk-show, e depois de impulsionar uma terceira nominal talk show local de Chicago para o primeiro lugar, ela lançou sua própria empresa de produção e tornou a sua marca "Oprah" internacionalmente distribuído.

Palestra: Seminário Ideologia de Branquitude, Mestiçagem e Negritude

Falei sobre Ideologia de Negritude.









Fui convidada pela SECULT(CRE-Subúrbio)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O que escrevo

Olá, pessoas queridas!

Gostaria de dizer que esse blog registra minhas impressões sobre as experiências vividas enquanto mulher, negra e batista(falo desse lugar). Nada formal, tenso ou desrespeitoso. Só quero refletir sobre alguns assuntos que me chamam atenção na sociedade em que vivo.

Oro para que o Espírito Santo de Deus me dê sabedoria para não escandalizar o Evangelho de Cristo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O cabelo bom da mulher negra evangélica


        Eu tenho várias experiências vividas em relação ao meu cabelo. Não sei por que o fato de usá-lo natural a maior parte da minha vida, sempre chamou atenção das pessoas. Desde a minha entrada na adolescência,( a partir do meus 15 anos para ser exata) que parei de usar chapinha. Evidente que já fiz de tudo: chapinha, alizante, permanente afro, tranças... Mas sempre voltei para o natural. Meu cabelo cresce rápido, por isso "qualquer coisa" que eu dê nele, antes de um mês a raiz natural já está em evidência, o corte já sumiu, e como eu não tenho paciência e nem grana pra fazer manuteção mensalmente, prefiro deixar tudo como Papai do Céu fez.
     A primeira fala sobre minha atitude de deixar meu cabelo natural veio da minha amiga/irmã Euzeni. Ela disse que eu deixava meu cabelo porque eu era rebelde. Hoje podemos dizer que foi um ato de resistência. Aliás, esse é o meu nome: RESISTÊNCIA.
Quem me conhece de longas datas, sabe que brinco com meu cabelo, mas volto sempre ao black.
Já na juventude, mesmo trabalhando no setor administrativo de um escritório de contabilidade, usando farda social, meu black fazia parte do look.
Quando eu me converti(bem crente isso.Rsrsrs), há vinte e um anos atras, uma irmãzinha negra, não aguentou e me perguntou: Por que você não "dá uma coisa no seu cabelo?" Pronto, a partir desse momento ouvi de tudo na igreja.
Nós sabemos que o padrão de beleza imposto no Brasil, é o europeu. Mas dentro das igrejas evangélicas isso é bem mais gritante por todo o constexto histórico que já conhecemos. No nosso caso, mulheres negras, a situação sempre foi e continua sendo mais dolorosa, a depender da denominação que façamos parte.
Na igreja já fui identificada com vários adjetivos: a irmãzinha do cabelo crespo, a irmãzinha africana, a escurinha do cabelo duro, etc. 
Recentemente fui convidada à participar de um casamento na minha igreja, e a mãe da noiva, uma mulher negra, me disse: "Você vai ajeitar o cabelo, né?" Eu respondi que meu cabelo já estava "ajeitado"(meu black estava zangado de grande. Rsrsrs). Evidente que essa irmãzinha quando olha pra mim, se vê refletida e não gosta, pois ela faz parte de uma sociedade que ridiculariza tudo o que é do negro, e o cabelo é a peça principal.
     Quando fiz seminário, tive um colega(o negro chamado sarará)  casado com uma mulher branca, que se dizia muito preocupada como o nascmento da primeira filha. O motivo? Medo da menina nascer com o cabelo "ruim".
Na fase do permanente, uma outra irmã disse que eu não era tão negra assim...Eu é que sei quanto pagava há cada três meses para deixar o cabelo daquela forma. Rsrsrsr
Mês passado(março), fui ao salão de beleza para tratar das minhas unhas. De repente a manicure(negra) começou a elogiar meu cabelo(agora está black e pintado de vermelho), saindo com a seguinte declaração: Minha filha é branca, mas tem o cabelo igual ao seu. Disse também que o pai da criança tinha a mesma tonalidade da minha pele.
Ai eu pensei: por que isso só acontece comigo, meu Deus?
Então lá fui eu "batizar" a manicure na sua negritude. Ela e mais duas jovens que também cairam no conto da certidão de nascimento: elas se declararam pardas, mas todas usavam  alisante.
Crianças e adolescentes me param na rua para elogiar meu cabelo.
Fico feliz por entender que o sistema não conseguiu me controlar. Sim, porque ele, procurou de todas as formas, controlar nossos corpos e mentes(nos quatrocentos anos de escravidão utilizaram as correntes, os troncos, as chibatadas; proibiram a  capoeira, etc). Hoje: não sambe, não se remexa, não cante e nem toque pagode e samba); nossos olhares(sempre olhando para baixo em sinal de obediência); nossos cabelos deviam ser controlados através de alisamento, e se não tivesse "arrumado", usava-se o lenço. Nós, mulheres negras, deveríamos nos assemelhar às mulheres brancas. Sim, o sistema tanto fez que incultiu em nossas mentes que nosso cabelo é uma imperfeição, quase uma aberração! Ele é ruim, crespo, rebelde, duro, e tudo o que de negativo possa ser comparado. Mas o cabelo do branco é, no máximo, maltratado.

O fato de não ser mais tão jovem, usar meu cabelo natural e black, incomoda algumas lideranças na igreja e também algumas irmãs negras e não negras da minha faxa etária. Mas sei que o Senhor Deus é Perfeito e que na sua perfeição, criou o povo negro, negro(não vejo o branco querendo se assemelhar ao negro em nada). Então eu não seria Gicélia da Cruz, se me moldasse ao sistema. 
Fico feliz em ver que rapazes negros evangélicos usam seu black e vão culturar a Jesus, o Salvador. Algumas adolescentes e jovens negras começam a assumir seu black, tranças, torços, colares, etc. 
Peço à Deus que elas e eles permaneçam firmes, pois se assumir negras/negros é muito doloroso.

E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.(Jo 8.32)