terça-feira, 31 de dezembro de 2013

UM 2014 ABENÇOADO PO DEUS




OLHO PARA OS MONTES E PERGUNTO:
"DE ONDE VIRÁ O MEU SOCORRO?"
O MEU SOCORRO VEM DO DEUS ETERNO, QUE FEZ O CÉU E A TERRA.
ELE NÃO DEIXARÁ QUE VOCÊ CAIA, POIS O SEU PROTETOR ESTÁ SEMPRE ALERTA.
O PROTETOR DO POVO DE ISRAEL NUNCA DORME NEM COCHILA.
O DEUS ETERNO GUARDARÁ VOCÊ; ELE ESTÁ SEMPRE AO SEU LADO PARA PROTEGÊ-LO.
O SOL NÃO LHE FARÁ MAL DE DIA, NEM A LUA DE NOITE.
O ETERNO O GUARDARÁ DE TODO PERIGO; ELE PROTEGERÁ SUA VIDA.
ELE O GUARDARÁ QUANDO VOCÊ FOR E QUANDO VOLTAR, AGORA E PARA SEMPRE.
(Salmos 121)


Senhor, muito obrigada pelas bênçãos à mim dispensadas durante o ano de 2013. Também agradeço pelas lutas, pois em todas o Senhor me deu vitória. Até no finalzinho de 2013, o inimigo "tentou" macular minha imagem na área profissional, mas o Senhor agiu em minha defesa. Desde 2012 o Senhor tem permitido que eu conheça o que "realmente" significa inveja e falsidade, e o que as pessoas são capazes de fazer para prejudicar outra. Mas o "meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra".

Quero agradecer também por cada pessoa que visitou meu blog. O Senhor sabe que eu não esperava ter tantos acessos;  não imaginava que meus escritos tivessem tanta repercussão.
Recebo muitos elogios, mas também críticas. Isso é bom. Se bem que, eu faço desse blog, um pequeno diário do que vivo no meu "mundo crentês" e também na sala de aula enquanto professora.
Desde o inicio falo que o que eu escrevo não passa por nenhuma orientação acadêmica.

As vezes fico pensando:
Como pessoas do Leste Europeu se interessam pelo  que  eu escrevo?
Alguém na África,  Europa, Estados Unidos também lê. No início fiquei surpresa, depois  vi que a "coisa" foi tomando forma, e fiquei um pouco assustada. Para mim isso tudo ainda é muito novo, mas continuo arriscando em compartilhar minhas experiências.
Rsrsrsrs

Gostaria de me dedicar mais ao blog. Porém, o trabalho não tem permitido. Mas vamos ver o que vai acontecer em 2014.

Que o Senhor Deus, em nome de Jesus Cristo, continue a nos abençoar com saúde e paz durante todo o ano de 2014.

E CONHECEREI A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ.(Jo 8.32)

Gicélia Cruz

sábado, 21 de dezembro de 2013

MEU FILHO VAI SER MORENO, NEGRO NÃO!

OLÁ, PESSOAS QUERIDAS!

DEVIDO A EXTENSA CARGA DE TRABALHO, POUCO ESCREVI DURANTE ESSES ÚLTIMOS MESES. MAS AGORA, COM O RECESSO ESCOLAR,  VOLTAREI A ESCREVER SOBRE MEMÓRIAS/EXPERIÊNCIAS DA MINHA VIDA CRENTÊS E TAMBÉM DA SALA DE AULA.

 A EXPERIÊNCIA ABAIXO É DA SALA DE AULA..

Essa semana, conversando com uma aluna, cujo filho de uns dois meses de idade estava em seu colo, fiz o seguinte elogio: esse menino está um negro lindo! Brinquei também dizendo que "quando crescer, o black dele vai abalar!"
Ai vem a resposta da mãe: Professora, se Deus quiser,  meu filho vai ser "moreno".
Então eu disse: mas minha filha, seu filho já é negro. Mas ela insistia em dizer que quando crescesse, o menino "ficaria moreno".

Eu vi no rosto daquela jovem mãe(ela tem um tom de pele clara), o desespero de ter mais um filho negro, mesmo sendo casada com um homem negro.
Fiquei muito triste e também preocupada com aquela reação de negação; de pavor do SER NEGRO.
Por já ser final de ano( eu estava muito cansada e também foi o dia da troca de presentes entre os/as professores/as), eu, sinceramente, não tive ânimo para conversar com essa mãe do jeito que eu gosto.

Se bem que, durante todo o ano, tive dificuldade em trabalhar questões como identidade racial na sala de aula, pois percebia que os moradores desse  município têm certa dificuldade de se reconhecerem negros. Aplicar a Lei 110639/03 nesses espaços de saber, deve ser nossa meta. Pois desconstruir anos de negação é uma tarefa árdua. Só dois semestres de aula não dão conta de tanto estrago feito nas mentes colonizadas.

OBS:  Eu sou professora de história da EJA, numa cidade do Recôncavo Baiano. Devido ao longo período da escravidão,  a população negra nessa região, chega a quase 100%.

GICÉLIA CRUZ



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ODEIO XUXA!!!

ESSE FINAL DE SEMANA, EM UMA CONVERSA COM UMA JOVEM NEGRA E SUA MÃE, OUVI A SEGUINTE FRASE: ODEIO XUXA!!
ENTÃO EU PERGUNTEI POR QUE, E A JOVEM FEZ O SEGUINTE RELATO:
"Quando eu era pequena, sonhava em ser paquita. Porém, à medida que o tempo passava, eu percebia que era algo impossível de acontecer,  pois eu não era igual aquelas meninas que estavam no palco com Xuxa. Eu era negra"
A referida jovem disse ter ficado muito frustrada com isso.
Imaginemos o que outras crianças negras ou as que estavam fora do padrão branco europeu, também sofreram com esse programa que alcançava todas as camadas sociais, mas principalmente a camada economicamente mais vulnerável.
Essa mesma jovem também relatou que ao terminar o ensino médio, se matriculou no cursinho mais caro de Salvador e, por não ter a identidade racial construída, procurava se assemelhar o máximo às colegas não negras. O cabelo, segundo ela, era o mais "obsessivamente crucificado", pois era a raiz de todo mal.
Todo esse processo de negação só terminou quando ela foi para um cursinho pré-vestibular que chamamos de Quilombo Educacional, onde ela passou a se reconhecer negra e a valorizar nossa cultura.

Não sei porque esses casos chegam à mim de forma tão natural.
"Juro" que não saio fazendo perguntas à ninguém. As pessoas simplesmente começam a "puxar" assunto a partir de quê? Do meu cabelo. Kkkkkkkk

Por que a vontade do Senhor é boa, perfeita e agradável(Rm 12.2)


                        

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A SAÚDE DA MULHER NEGRA BRASILEIRA


Olá, pessoas queridas!
Gostaria de compartlhar mais uma experência com vocês.:

Em dezembro de 2012, consegui marcar pelo SUS, uma consulta de rotina para o ginecologista, que só aconteceria em fevereiro de 2013. O médico passou alguns exames, dentre os quais o de dosagem  hormonal.
Dia 26.03.2013, procurei o LACEN(Laboratóiode Saúde Públca/Bahia) para fazer os exames, que marcou  o resultado para  02.04.2013.
DETALHE: até hoje, 26.06.2013(90 dias), o exame não ficou pronto. Segundo eles, por falta de material. Também não sabem dizer quando darão o resultado.
Já se passaram quatro(04) meses desde que fui ao médico. Creio que o LACEN só vai entregar o resultado do exame em julho. Depois tenho que marcar a consulta de retorno ao especialista, onde o prazo é de dois(02) meses, no minimo. Talvez esse processo todo leve uns nove(09) meses para ser concluído.
Certamente que quando eu pegar esse resultado, muita coisa já deve ter alterado dentro de mim. Então terei que pagar para fazer os mesmos exames, pois não vou confir num resultado defasado para levar ao médico.
Então penso que existe um esquema montado para nos "exterminar"(as mulheres que não podem pagar por uma consulta), e as que fazem um sacrificio para pagar, enriquece ainda mais os politicos,  que certamente são os donos das clinicas particulares, que fazem os exames que temos dificuldade em fazer pelo SUS.
(PRAGMÁTICA, EU?!!) 

Em se tratando da saúde da mulher, e da mulher negra em especial, existe grande dificuldade em marcar, pelo SUS, consulta para ginecologista e mastologista; o preventivo então! Isso dificulta o diagnóstico precoce de uma doença mais grave.
Falo da minha experiência, para chamar atenção do por que no Brasil tantas mulheres morrem com câncer de útero, ovário e/ou mama.
E o mais interessante é que essas mulheres têm um perfil: são negras e usuárias do SUS.
É só pesquisar no Google para ver os dados do Ministério da Saúde , e dos movientos mulheres.
 
Como no Cartão do SUS não vem especificando  a religião da usuária, tanto a mulher evangélica, espírita, candomblecista, católica, etc, são vítimas do racismo institucional pratcado nesse país.

sábado, 15 de junho de 2013

Professora, a senhora é evangélica e conhece a História da África?!

Olá, pessoas queridas!

Trago um relato ocorrido na aula de História Social, quando eu procurava analisar, juntamente com a turma do 6º/7º anos da EJA, o tema Identidade Cultural.
Ao falar sobre a influência africana na construção da identidade cultural do Brasil, dois educandos começaram a me olhar de forma inquisitora, e uma educanda já foi logo me perguntando qual era o nome do "terreiro que eu frequentava";  pediu que eu levantasse as mangas da minha blusa para mostrar os cortes no meu braço, e ainda foi mais longe: disse que eu tinha tirado o mega para fazer alguma obrigação. Sinceramente não me assustei, e perguntei tranquilamente por que ela "achava que eu era candomblecista. Então ela e outro colega começaram e dizer que eu conhecia demais sobre a cultura africana. A coisa foi ficando mais interessante quando eu falei algumas palavras em iorubá e expliquei que os Terreiros de Candomblé guardaram muitas tradições africanas. 
Ai foi que eles não aguentaram e começaram a repetir: Essa professora é da macumba, essa professora é macumbeira!!!!
Rsrsrsrs
Expliquei que eu não era candomblecista, mas uma pesquisadora da história africana no Brasil, e que estava colocando em prática uma Lei Federal de nº 10639/2003, onde diz que devo Ensinar a História Africana e Afrobrasileira na sala de aula. Falei da importância de conhecer minha história/ancestralidade enquanto uma negra diaspórica.
Então, de imediato eles disseram: então a senhora é evangélica! E ficaram meio que assustados.
Foi quando a aluna perguntou: Professora, a senhora é evangélica e conhece a História da África?
KKKKKK

Achei esse episódio fantástico!

Imaginem uma professora batista ouvindo isso!!!! 
Então, pesquisar sobre minha história me tira do lugar de crente em Jesus Cristo? Não. Ouvindo isso dos meu alunos, me deixa mais confiante de que Deus tem me 'conduzido pelas veredas da justiça, por amor do seu Santo Nome'.

Por que conhecer um pouco mais sobre o Continente Africano tem que ser do Candomblé?
Interessante é que quando me decidi por Missões Mundiais, nunca me imaginei indo para a África. Já pensei em ir até para o Canadá(cheguei a enviar carta e tudo para a Junta de Missões Mundiais da CBB).
As vezes me "batia umas crises" por nunca ter insistido em viajar para um campo missionário em outro país.
Mas hoje entendo o plano de Deus para minha vida: meu campo missionário é nos "bolsões africanos" existentes no Brasil.

Mais uma vez penso que nós batistas, presbiterianos, assembleianos e de outras denominações, precisamos avançar em nossas pesquisas no que se refere a História da África, a partir da nossa realidade e não sob o pensamento de missionários europeus e norteamericanos do século XIX, que escreveram sobre nossos ancestrais africanos, e que até hoje se prega nos púlpitos sobre uma África demonizada. Isso faz com que nós, negros evangélicos, tenhamos um quase desconhecimento sobre nossa história, nos impossibilitando de avançar nas reflexões sobre questões raciais no Brasil.

"E CONHECEREIS A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ."( João 8.32)

domingo, 2 de junho de 2013

A AUSÊNCIA DE APRESENTADORES NEGROS NAS PROGRAMAÇÕES EVANGÉLICAS DA TV BRASILEIRA.

Olá, pessoas queridas!

Tenho andado um pouco atarefada, por isso a minha ausência. Também estava acompanhando o desfecho da novela "Marcos Feliciano e suas declarações tolas."
Mas eu não vou falar sobre isso.

Minha reflexão vai para a ausência de apresentadores negros, principalmente de apresentadoras negras em programas evangélicos nos canais de tv abertos e fechados. Seja em telejornais ou em programas de auditório, precisamos questionar junto aos donos/diretores dessas emissoras, sobre o por que de não contratarem negros/negras para trabalharem na frente das câmeras.
Costumo dizer que o racismo não respeita barreiras. E no meio evangélico ele é mais perverso, pois se utiliza da Bíblia para legitimar o proconceito racial.
Porém, creio no Evangelho que liberta: "Se pois o Filho do Homem vos libertar, verdadeiramente sereis livres."(Jo 8:36); e no Deus que não faz acepção de pessoas(Atos 10.34)

Há alguns anos atras, particpando de um seminário onde se falava sobre o protestantismo afroamericano, o palestrante trouxe a informação de que os negros escravizados, quando começaram a ler a Bíblia no livro de Êxodo, entenderam que Jesus era o Moisés que os tiraria do jugo da escravidão. Fiquei maravilhada com tal relato.
Hoje, também entendo que Cristo tem me libertado de todo e qualquer jugo que tenta me oprimir, enquanto gênero e raça.

A  revista Raça Brasil, de abril/2013, trouxe como reportagem principal: JUVENTUDE NEGRA EVANGÉLICA, onde mostra o número significativo de jovens negros que têm se declarado evangélicos e alguns dos principais cantores gospel, que não por acaso, são negros.
Mas ai lanço a pergunta: como sempre o negro só se destaca na música ou nos esportes?
Como eu escrevi anteriormente, precisamos ficar atentos, pois tal realidade reforça o racismo isntitucional. Então, também no "nosso meio" o negro não tem voz de mando? Não é inteligente o suficiente para apresentar um programa de entrevistas/entretenimentos ou mesmo um telejornal? Quais referênciais nossos jovens negros evangélicos têm? Ai um irmãozinha ou uma irmazinha, vão dizer: "Mas que besteira parar para falar sobre isso! É melhor ir pregar o evangelho!"
Ai eu respondo: "Os negros também querem pregar o Evangelho  na tv. Por que só os irmãozinhos brancos podem fazer isso?
Ah, por favor, não me venha falar de um determinado pregador negro que tem programa na tv. Ele não se encaixa nessa reflexão.
Agora vamos falar de  mulheres negras evangélicas, onde elas estão? Essas devem ficar mais atentas ainda, pois no seu caso, o racismo vem disfarçado de amor. Somos todas irmãs em Cristo, nos abraçamos, nos congratulamos, mas na ora de ocupar um cargo de chefia, não estaremos juntas. Principalmente se esse cargo for para apresentar um programa de televisão.
Precisamos estar atentos e atentas à todo e qualquer ato que nos exclua enquanto sujeitos protagonistas da História do Protestantismo no Brasil.

"E CONHECEREIS A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ." (Jo. 8.32)


sábado, 1 de junho de 2013

Por que usar e para que usar mega hair?

Olá, meninas e meninos!

Não aguentei: tirei o mega hair.
Muitos foram os elogios de que fiquei ótima, e que até rejuveneci; e eu não duvido. Observei que eu fiquei com aparência socialmente mais aceita, mas não me reconhecia ao me ver refletida no espelho. Então hoje, quando tirei o mega, disse: olá, Gicélia! Seja bem vinda com seu "sempre black".
Rsrsrsrs
Algumas pessoas disseram que eu ficaria viciada e que nunca mais iria ficar sem mega. Sem chance: é uma questão da minha identidade.

Como eu levei um tempo sem postar, deixa eu explicar o que aconteceu.
Em dezembro de 2012, achei de "inovar", e fui ao salão para que aplicassem uma Espuma Balck, que é um permanente sem alisar a raiz do cabelo. Só que parece que houve um choque químico e meu cabelo começou a cair. Então mandei cortar, mas não ficou legal. Dai, decidi colocar o mega. Só que desde o inicio não me senti confortável. Quando me olhava do espelho, me achava meio artificial. Sei lá...
Mas gostaria de frisar que, entendo que a mulher negra deve usar seu cabelo do jeito que achar melhor: natural, trançado, mega hair, chapinha, etc. No meu caso, gosto do meu cabelo com o aspecto mais natural. Uso tintura, o que não deixa de ter química, mas prefiro natural.

Imaginem que usei mega menos de dois meses, mas deu para fazer algumas reflexões a partir da leitura do texto ALISANDO NOSSO CABELO(Bell Hooks). Destaco abaixo alguns trechos do artigo:

"Apesar das diversas mudanças na política racial, as mulheres negras continuam
obcecadas com os seus cabelos, e o alisamento ainda é considerado um assunto sério.
Por meio de diversas práticas insistem em se aproveitar da insegurança que nós
mulheres negras sentimos a respeito de nosso valor na sociedade de supremacia branca. Conversando com grupos de mulheres em diversas cidades universitárias e com mulheres negras em nossas comunidades, parece haver um consenso geral sobre a nossa obsessão com o cabelo, que geralmente reflete lutas contínuas com a auto-estima e a auto-realização. Falamos sobre o quanto as mulheres negras percebem seu cabelo como um inimigo, como um problema que devemos resolver, um território que deve ser conquistado. Sobretudo, é uma parte de nosso corpo de mulher negra que deve ser controlado. A maioria de nós não foi criada em ambientes nos quais aprendêssemos a considerar o nosso cabelo como sensual, ou bonito, em um estado não processado.
Muitas de nós falamos de situações nas quais pessoas brancas pedem para tocar o
nosso cabelo natural e demonstram grande surpresa quando percebem que a textura é suave ou agradável ao toque.
Em uma cultura de dominação e antiintimidade, devemos lutar diariamente por
permanecer em contato com nós mesmos e com os nossos corpos, uns com os outros. Especialmente as mulheres negras e os homens negros, já que são nossos corpos os que freqüentemente são desmerecidos, menosprezados, humilhados e mutilados em uma ideologia que aliena. Celebrando os nossos corpos, participamos de uma luta libertadoraque libera a mente e o coração."






segunda-feira, 18 de março de 2013

domingo, 17 de março de 2013

"Mãe de Chiqueiro"

Olá, pessoas queridas!
Faz algum tempo que não escrevo nada, né? É que eu estava com a cabeça muito "cheia" de informações: em dezembro terminei a pós em Educação de Jovens e Adultos, e logo depois emendei na seleção do mestrado(que ainda não foi dessa vez...). 
Mas agora aqui estou eu novamente e trazendo mais uma experiência do meu "mundo crentês".

Hoje, participando de uma reunião para a construção de um evento referente ao Março Mulher e o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, em um determinado momento parei para conversar com duas irmanzinhas negras e  crentes, sobre a a representação social do negro e, em especial, do negro evangélico. E em algum momento da nossa conversa, uma delas se referiu a uma Yalorixá como "mãe de chiqueiro". Eu já tinha ouvido esse termo outras vezes e sempre me senti encomodada, porque entendo que isso faz parte do processo da colonização e escravidão africana pelos europeus. Porém, hoje eu fiz minha intervenção bem contextualizada, e perguntei por que não nos referíamos a outros líderes religiosos, a exemplo de espíritas e católicos da mesma forma que tratamos os líderes religiosos do candomblé? Por que tanta falta de respeito para com essas pessoas? Será que era porque é uma religião de matriz africana, portanto praticada por alguns negros? E que tudo o que é de negro não merece respeito? E elas não souberam me responder. Eu estava diante de duas mulheres negras que não sabiam nada sobre sua história, portanto não tinham identidade racial.
Então perguntei para as duas qual a origem dos primeiros africanos que aportaram no Brasil para exercerem trabalho escravo? De quais países vieram? E elas não souberam responder. Então perguntei por que sabíamos de vários relatos bíblicos sobre a genealogia  de Abrão, Isaque e Jacó, e não sabíamos do nosso?
Falei para elas do quão perigoso é nos reportarmos dessa maneira para assuntos que não conhecemos. De que podemos discordar, mas que temos o dever de respeitar o credo religioso do outro. Mas principamente que devemos nos alertar do quão preocupante é quando vemos tudo o que vem ou nos remete a África, ser desqualificado.
Também perguntei se Jesus agiria dessa forma: derespeitando e desqualificando a cultura africana, e exaltando e enaltecendo a cultura europeia. Seria Jesus xenofóbico ou racista?
Nesses momentos sempre aproveito para falar sobre o exterminio da juventude negra e o silêncio das Igrejas Evangélicas. Também ninguém consegue me responder.
Já falei que não sou ecumênica, mas que Deus tem me dado sabedoria para dialogar com as pessoas e respeitá-las independente do seu credo religioso.


Fica a dica.

"E CONHECEREIS A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ". (Jo. 8.32)


Gicélia Cruz

domingo, 10 de março de 2013

08 de Março: Dia Internacional da Mulher -Palestra em Madre de Deus

Parabéns mulher!
Confira a Programação!
Neste dia tão especial, as mulheres de Madre de Deus, estão convidadas para participar de uma homenagem ao seu dia, que acontecerá nesta sexta, no Ginásio Poliesportivo a partir das 13 horas.
Para abrir o evento, o espaço da beleza estará recebendo as mulheres que desejam ficar ainda mais belas, com os serviços da Embeleze a qual vai está oferecendo, cortes de cabelo, manicure e pedicure . A programação segue com um bate-papo com a coordenadora do Fórum Nacional de Mulheres Negras da Bahia, Gicélia Cruz, além de muita música, teatro, serviços de saúde, exposições de artesanato e uma demonstração das alunas do Projeto Mexa-se Aeróbica e Mexa-se Box. São muitas surpresas para comemorar o Dia da Mulher em grande estilo.
Todos sabem que o dia 8 de março é comemorado em todos os lugares do mundo, como o Dia Internacional da Mulher, uma data conquistada por etapas, onde teve início em 1857, quando um grupo de operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York, fizeram uma greve por melhores condições de trabalho e menor carga horária. Essas mulheres foram reprimidas atravéz de uma ato desumano, quando foram trancadas e incendiadas dentro da fábrica enquanto trabalhavam. Cerca de 130 mulheres morreram. Após tantos protestos pelo ocorrido, só em 1975, o dia 8 de março foi oficializado e decretado como Dia Internacional da Mulher pela ONU(Organização das Nações Unidas). Após determinado o decreto, conferências, debates e reuniões foram utilizadas para discutir o papel da mulher na sociedade e seus direitos em todo o mundo. E até hoje este dia é comemorado com sabedoria.


Fonte:  http://madrededeus.ba.gov.br/notiDeta.cfm?notiAreaID=16&notiSubAreaID=19&notiID=1370

Palestra em Madre de Deus

Madre de Deus comemora o dia internacional da mulher

O evento será realizado na ginásio poliesportivo


Neste dia tão especial, as mulheres de Madre de Deus, estão convidadas para participar de uma homenagem ao seu dia, que acontecerá nesta sexta, no Ginásio Poliesportivo a partir das 13 horas.
Para abrir o evento, o espaço da beleza estará recebendo as mulheres que desejam ficar ainda mais belas, com os serviços da Embeleze a qual vai está oferecendo, cortes de cabelo, manicuri e pedicure . Em seguida um bate-papo com a coordenadora do Fórum Nacional de Mulheres Negras da Bahia, Gicélia Cruz, além de muita música, teatro, serviços de saúde, exposições de artesanato, e uma demonstração das alunas do Projeto Mexa-se aeróbica e Mexa-se Box. São muitas surpresas para comemorar o dia da mulher em grande estilo.


08/03/2013 19:04:47

Fonte:  http://baianafm.com.br/Noticia.aspx?id=2198&c=4&url=Madre%20de%20Deus%20comemora%20o%20dia%20internacional%20da%20mulher.html

Evangélicos criam abaixo-assinado contra Marco Feliciano

Eleito novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), ao contrário do que se imagina, não vem recebendo apoio da massa evangélica em sua totalidade. A Rede Fale, representante de 39 grupos religiosos, anunciou seu repúdio à eleição e lançou abaixo-assinado para retirá-lo do cargo.
Descontentes com a posição homofóbica e racista do presidente, a instituição defende os valores pregados dentro das igrejas evangélicas, citando nomes de religiosos que trabalharam em defesa dos direitos humanos.

“Os exemplos históricos de cristãos envolvidos com os Direitos Humanos são vários, figuras como a do pastor batista Martin Luther King Jr. ou do bispo anglicano Desmond Tutu nos inspiram por exatamente colocarem a fé como o motor para suas ações de promoção e defesa dos direitos”, diz a Rede Fale, em carta aberta publicada em seu site.

Além do comunicado, o grupo lançou um abaixo-assinado visando anular a eleição de Marco Feliciano. Esta não é a primeira manifestação contra a eleição do pastor à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Um grupo de internautas iniciou uma mobilização no Facebook para promover neste sábado (9) uma mobilização em 10 cidades brasileiras.

Chamado de "Ato de Repúdio" à nomeação do parlamentar, o evento deve acontecer simultaneamente às 14 horas. Em São Paulo, os manifestantes devem se concentrar na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação.    

Veja a carta da Rede Fale na íntegra

"Nós, da Rede FALE, somos evangélicos/as oriundos de diversas igrejas evangélicas, tradicionais e pentecostais, que militam no campo dos direitos humanos. A Rede FALE foi criada inspirada no texto de Provérbios 31.8-9 há 10 anos e tem como vocação ser um testemunho do engajamento e da fé dos cristãos na sociedade brasileira. Um dos elementos centrais de nossa ação é a compreensão que a oração é um poderoso instrumento para mudar a realidade, reunindo em nossas ações a mobilização de grupos para reuniões de oração, como também para manifestações e ações públicas.

Neste contexto recebemos com interesse a notícia de que o PSC seria responsável pela presidência da CDHM. Temos a convicção de que a base da garantia dos Direitos Humanos está no reconhecimento da sacralidade da Vida, que provém, como cremos, da imagem e semelhança de Deus que todo ser humano possui (Gn 1.26-27). Acreditamos também que a maneira como tratamos outro ser humano é reflexo de nossa atitude para com o Criador.

Desprezar o primeiro é desrespeitar o segundo (cf. Pv. 14.31; Tg 3.9). Os exemplos históricos de cristãos envolvidos com os Direitos Humanos são vários, figuras como a do pastor batista Martin Luther King Jr. ou do bispo anglicano Desmond Tutu nos inspiram por exatamente colocarem a fé como o motor para suas ações de promoção e defesa dos direitos.

Os necessários avanços dos Direitos Humanos no Brasil poderão acontecer sob a gestão do PSC e, para tanto, nos parece estratégico ouvir o clamor das ruas e dos movimentos sociais com respeito à escolha, pelo partido, de um nome que não traga tamanha carga negativa para a presidencia da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

O PSC possivelmente possui em seus quadros outros parlamentares que possam assumir a presidencia da comissão, e que poderiam contribuir com uma postura conciliadora e propositiva, na qual Cristo tem sido nosso maior exemplo. Parlamentares mais experientes e entendidos dos ritos e processos da casa também seria um importante critério, considerando o destaque que a comissão possui.

Prezado irmão, escrevemos aqui sob o temor ao nosso Deus e conscientes de que há um caminho de consenso para esta situação. A ninguém, e muito menos aos direitos humanos, interessa que seja estabelecida uma disputa entre posições extremas, ou mesmo entre visões que se percebem antagônicas.

Em oração para que Deus os cuide e ilumine nessa importante tarefa que têm pela frente, despedimo-nos,

Em Cristo,

Coordenação Nacional da Rede FALE
"

Do Yahoo

 Fonte: http://negrosnegrascristaos.ning.com/profiles/blog/show?id=2232714:BlogPost:269414&xgs=1&xg_source=msg_share_post

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

21 de Janeiro: Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa

Mais um momento na minha  vida em que só tenho que agradecer ao Senhor da Glória!


Evidente que isso é resultado de muita pesquisa, da chamada SOLIDÃO INTECTUAL(que muitas vezes me assusta), mas o resultado é positivo.

Gicélia Cruz

sábado, 5 de janeiro de 2013

Kabengele Munanga: "A educação colabora para a perpetuação do racismo"

Kabengele Munanga: "A educação colabora para a perpetuação do racismo"

http://negrosnegrascristaos.ning.com/profiles/blog/show?id=2232714:BlogPost:254811&xgs=1&xg_source=msg_share_post

Nascido no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, em 1942, o professor de Antropologia da Universidade de São Paulo Kabengele Munanga aposentou-se em julho deste ano, após 32 anos dedicados à vida acadêmica. Defensor do sistema de cotas para negros nas universidades, Munanga é frequentemente convidado a debater o tema e a assessorar as instituições que planejam adotar o sistema. Nesta entrevista, o acadêmico aponta os avanços e erros cometidos pelo Brasil na tentativa de se tornar um país mais igualitário e democrático do ponto de vista racial.
CartaCapital: O senhor afirma que é difícil definir quem é negro no Brasil. Por quê?
Kabengele Munanga: Por causa do modelo racista brasileiro, muitos afrodescendentes têm dificuldade em se aceitar como negros. Muitas vezes, você encontra uma pessoa com todo o fenótipo africano, mas que se identifica como morena-escura. Os policiais sabem, no entanto, quem é negro. Os zeladores de prédios também.
CC: Quem não assume a descendência negra introjeta o racismo?
KM: Isso tem a ver com o que chamamos de alienação. Por causa da ideologia racista, da inferiorização do negro, há aqueles que alienaram sua personalidade negra e tentam buscar a salvação no branqueamento. Isso não significa que elas sejam racistas, mas que incorporaram a inferioridade e alienaram a sua natureza humana.
CC: O mito da democracia racial, construído por Gilberto Freyre e vários intelectuais da sua época, ainda está impregnado na sociedade brasileira?
KM: O mito já desmoronou, mas no imaginário coletivo a ideia de que nosso problema seja social, de classe socioeconômica, e não da cor da pele, faz com que ainda subsista. Isso é o que eu chamo de “inércia do mito da democracia racial”. Ele continua a ter força, apesar de não existir mais, porque o Brasil oficial também já admitiu ser um país racista. Para o brasileiro é, porém, uma vergonha aceitar o fato de que também somos racistas.
CC: O senhor observa alguma evolução nesse cenário?
KM: Houve grande melhora. O próprio fato de o Brasil oficial se assumir como país racista, claro, com suas peculiaridades, diferente do modelo racista norte-americano e sul-africano, já é um avanço. Quando cheguei aqui há 37 anos, não era fácil encontrar quem acompanhasse esse tema. Hoje, a questão do racismo é debatida na sociedade.
CC: O sistema de cotas deve ser combinado com a renda familiar?
KM: Sempre defendi as cotas na universidade tomando como ponto de partida os estudantes provenientes da escola pública, mas com uma cota definida para os afrodescendentes e outra para os brancos, ou seja, separadas. Por que proponho que sejam separadas? Porque o abismo entre negros e brancos é muito grande. Entre os brasileiros com diploma universitário, o porcentual de negros varia entre 2% e 3%. As políticas universalistas não são capazes de diminuir esse abismo.
CC: Somente os estudantes vindos da escola pública são incluídos nas cotas?
KM: Sim, com exceção da Universidade de Brasília (UnB). Lá, as cotas não diferenciam os que vêm da escola pública e os da particular. Porém, em todas as universidades o critério é uma porcentagem para os negros, outra para os brancos e outra para os indígenas, todos provenientes da escola pública. Dessa forma, os critérios se cruzam: o étnico e o socioeconômico. Tudo depende da composição demográfica do estado. Em Roraima, por exemplo, sugeri que se destinasse um porcentual maior para a população indígena, proporcional à demografia local.
CC: Quantas universidades adotaram o sistema de cotas no Brasil?
KM: Cerca de 80. É interessante observar que há muita resistência nas regiões Norte e Nordeste. Lá eles ainda acreditam que a questão seja apenas social.
CC: O sistema deve passar por avaliação para definir a sua renovação ou suspensão?
KM: Qualquer projeto social não deve ser por tempo indeterminado. No sistema em vigor, algumas universidades estabeleceram um período experimental de 10 anos, outras de 15. Posteriormente, vão avaliar se seguem adiante.
CC: Em sua opinião, por que a Universidade de São Paulo ainda não aprovou as cotas?
KM: A USP poderia ter sido a primeira universidade a debater o sistema, porque aqui se produziram os primeiros trabalhos intelectuais do Sudeste que revelaram o mito da democracia racial. Como é uma universidade elitista, ficou presa à questão de mérito e excelência. Não é oficial, mas está no discurso dos dirigentes. A outra refere-se à questão do mérito. Eles ainda acreditam que o vestibular tradicional seja um princípio democrático. De certo modo acredito que a Universidade de São Paulo ainda esteja presa ao mito da democracia racial. Entre as universidades paulistas, apenas a Federal de São Paulo adotou as cotas. A Unesp também está de fora.
CC: O racismo é uma ideologia. De que forma podemos desconstruí-la? Qual o papel da escola?
KM: Como todas as ideologias, o racismo se mantém porque as próprias vítimas aceitam. Elas o aceitam por meio da educação. É por isso que em todas as sociedades humanas a educação é monopólio do Estado. Falo da educação em sentido amplo, ou seja, aquela que começa no lar. A socialização começa na família. É assim que, enquanto ideologia, o racismo se mantém e reproduz. A educação colabora para a perpetuação do racismo.
CC: A escola brasileira está preparada combater o racismo?
KM: As leis 10.639 e 11.645 tornam obrigatório o ensino da cultura, da história, do negro e dos povos indígenas na sociedade brasileira. É o que chamamos de educação multicultural. As leis existem, mas há dificuldades para que funcionem. Primeiro é preciso formar os educadores, porque eles receberam uma educação eurocêntrica. A África e os povos indígenas eram deixados de lado. A história do negro no Brasil não terminou com a abolição dos escravos. Não é apenas de sofrimento, mas de contribuição para a sociedade.
CC: Uma estudante angolana foi assassinada recentemente em São Paulo, mas a mídia não deu a devida atenção. Por que isto acontece?
KM: A imprensa é um microcosmo da sociedade e ignora, ou finge ignorar, o racismo. Por isso, quando ocorre um fato desta natureza, não o julga devidamente. Mas a mídia brasileira também não dedica espaço para o continente africano.