domingo, 20 de maio de 2012

A historiografia brasileira e o silêncio da escrita negra

Oi, pessoal!

Estou sem muito tempo para escrever, pois preciso terminar minha monografia. Estou concluindo uma especialização em Educação de Jovens e Adultos, na FACED/UFBA, que comecei em 2010.  Escolhi o tema Juventude Negra na EJA, trazendo a experiência de uma turma de EJA no Projeto em que trabalho.

Mas como não podia ficar tanto tempo sem fazer minhas reflexões, ao ler um parágrafo de um livro muito bom, então não resisti e aqui estou eu.

As vezes eu me acho um pouco radical em relação a algumas questões, como por exemplo: a academia só me apresentar teóricos brancos. No curso de História, perguntei a um dos meus professores(ele era italiano) se não trabalharia com nenhum teórico negro brasileiro. E ele automaticamente me respondeu com outra pergunta: E no Brasil tem algum teórico negro? Me mostre um! Eu fiquei irritada, mas não sabia dizer quais intelectuais negros existiram no Brasil no século XIX.
Na especialização em EJA, fiz a mesma pergunta e me deram a mesma resposta. Mas ai eu já tinha o que dizer.

Em dezembro de 2010, comprei o livro  NEGROS E PÓLITICA(1888-1937), de Flávio Gomes. E sempre que preciso, recorro a ele para embasar minhas respostas sobre a produção intelectual do negro.
Vale a pena ter na sua estante. O livro traz informações preciosas no que diz respeito a atuação do negro na escrita e politica no Brasil do século XIX e nas primeiras décadas do século XX.
 
Em um dos parágrafos, GOMES, fala sobre a armadilha da historiografia brasileira em silenciar a escrita negra, já que final do século XIX, vários jornais foram criados por liderenças negras e  voltados à comunidade negra.

"Este detalhe delimita de maneira nítida as diferenças quanto às formas de compreender a cidade, a sociedade brasileira e os próprios sujeitos, autores e leitores desses jornais. E também nos ajuda a escapar de armadilhas cuidadosamente preservadas por determinada parcela da historigrafia brasileira: a suposta ausência ou silêncio das fontes e a inexistência de documentos escritos sobre a população negra no Brasil pós-abolição. Ajuda, sobretudo, a entender como um segmento da população negra brasileira percebeu, concebeu, projetou, construiu e, em outros momentos, iniciou a desconstrução de sua própria imagem e presença na sociedade." (GOMES. 2005, p. 34).

E ai, o que você achou dessa citação?

Eu, particularmente, quando leio textos como esses, fico mais alerta.

P.S: Gente, eu não estou fazendo propaganda do livro não, viu? Nem conheço o autor. Mas entendo que cada vez mais precisamos compartilhar conhecimento. Principalmente nós, mulheres negras e homens negros, que se aventuram na escrita.

Agora voltarei à minha monografia. Falta pouco pra acabar.
Rsrsrsrs


Fiquem na paz de Cristo!

Uma semana abençoada pra tod@s nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário